Chapter thirty-eight

Neymar narrando
Deixei os documentos da Manu na recepção e fui atrás dela, pois não sabia pra onde tinham levado ela. Procurei, procurei e procurei, mas não encontrei-a, voltei pra recepção, os pais da Manu já estavam ali, os meus, Rafa e Jota, inclusive a Bella e o namorado dela.
Regina: cade minha filha? pelo amor de Deus, ela ta bem?
Júnior: eu não sei, levaram ela e não me disseram pra onde- o Luís Carlos abraçou-a e sentou com ela, fui até a recepção e fiquei pedindo informação pra mulher, mas não adiantou nada. Sentei ao lado do meu pai e fiquei com o olhar fixo em algum lugar e pensando no que poderia acontecer com a Manu e a minha filha, o que poderia acontecer todos nós sabemos, mas não queria pensar o pior, ela é forte, sempre foi, e vai sobreviver a mais essa crise-
xxx: parentes da Manuela Settanni?
Regina: sou a mãe dela
xxx: sou o Doutor Ricardo, plantonista que estava aqui quando sua filha deu entrada no hospital. Pela ficha dela no hospital ela desenvolveu uma pré-eclampsia, que vocês já devem saber, mas não foi nada que a ver com a eclampsia que fez com que ela passasse mal. A pressão dela abaixou muito, e como ela já esta sujeita a um risco muito alto com a gravidez, isso colaborou muito. Ela já está bem agora, está sedada e não corre risco de vida, por agora. A Dra Anna já esta a caminho pra cuidar da paciente e com ela vocês terão mais informações.
Regina: eu posso vê-la?
Dr Ricardo: ela está sedada no momento, quando acordar nós chamamos vocês- ele saiu dali e nós voltamos a sentar. A Manuela tinha que tirar essa ideia da cabeça, por mais difícil que seja escolher entre a vida dela e a da nossa filha, mas se ela sobreviver poderemos ter outros filhos. Eu estou muito apegado a minha pequena menina, mas não sei se conseguiria cria-la sem a Manu [...] A Dra Anna apareceu pra nos dar informações e aplicou uma nova dose do remédio que a Manu estava tomando pra controlar a eclampsia, a Regina e o Luis Carlos entraram para vê-la e ficaram ali um bom tempo-
Nadine: vai filho- olhei-a e ela entendeu o recado, pegou na minha mãe e saímos dali. Entrei no quarto em que a Manu estava, ela já estava acordada, mas estava bem abatida-
Júnior: como você ta?
Manu: na medida do possível
Júnior: você quase me matou de susto- ela riu fraco-
Nadine: oh meu amor, que susto você me deu. Já está melhor?
Manu: sim, tia, só quero sair daqui logo
Júnior: vai ficar aqui o tempo que for necessário- ela revirou os olhos, essa é a minha namorada, marrenta e teimosa. Fiquei mais de quarenta minutos ali com ela, mas ela precisava descansar mais. Queria ficar ali no hospital, mas a mãe dela e o pai já iriam ficar e o que me restava era voltar pra casa, já que amanha eu tenho treino.

Manu narrando
Depois da minha queda de pressão que me fez ir parar no hospital, tudo voltou ao normal, graças a Deus não tive mais nenhuma daquelas crises. E estou reagindo bem as injeções pra controlar a eclampsia e isto está me dando bastante esperança de que vou conseguir ver a minha filha nascer e quem sabe poder cria-la junto com o Júnior. Minha rotina voltou ao normal, mesmo ninguém querendo, voltei pro meu apartamento mas nunca me deixam dormir sozinha,o Júnior tem ficado bastante comigo, o Jota vem sempre que o Jú não pode e minha mãe está sempre comigo também. A tia Na e a Bella eu não tenho do que reclamar, estão me ajudando pra caramba. Começamos a preparar o enxoval do bebê e o quarto, e o Júnior insistiu tanto que estamos preparando dois quartinhos pra nossa princesa. Comecei a ver os móveis semana passada, e já consegui escolher os dois berços, minha baby já ganhou bastante roupinhas de presentes, a Rafa e as avós são as que mais dão e eu também estou comprando bastante. 
No aniversário da Rafa ela fez uma festa em São Paulo, e é claro que eu fui, estava me sentindo muito bem e todos estavam percebendo minha melhora, então não tem o porque eu não ter ido. Não me esbaldei de dançar como fazia e muito menos de beber, porque agora tenho uma pessoinha que precisa de mim. Na faculdade todos já sabem que eu estou grávida, minha barriga já está bem grandinha, afinal já estou no meio do sétimo mês, isso mesmo, o tempo passou voando com a minha gravidez e eu não vejo a hora de dar a luz a minha boneca. Tenho ganhado mimos dos professores e de alguns funcionários da minha faculdade, meus amigos de lá também estão nos mimando bastante. Parei de dirigir algum tempo, a maioria das vezes quem me busca é meu pai, mas quem me leva pra cima e pra baixo mesmo é o Júnior.
Escutamos o coração da nossa pequena menina quando eu completei cinco meses, e eu nunca senti tanta emoção assim, foi maravilhoso. Chorei horrores e o Júnior não ficou muito diferente de mim, todos da nossa família estão muito felizes. Meus avós estão eufóricos pela bisneta que está vindo ai, e o Gustavo já deixou bem claro que nenhum homem vai chegar perto dela. Júnior contou ao Jota que o escolheu como padrinho, e a reação dele foi uma das melhores possíveis, ele ficou todo emocionado e quase chorou, mas também não podíamos escolher pessoas melhores pra cuidar da nossa filha, sei que posso confiar na Bella caso algo aconteça comigo e sei que o Jota vai ajudar o Júnior a enfrentar essa barra, então eles são os segundos pais da minha filha.


                                               [...]

9 horas... 9 horas se passaram.
Estive toda a noite entre contrações e mais contrações, não sei até quando irei aguentar, mas o fato é que escolhi sentir a sensação de trazer a minha filha ao mundo. Estou exausta e não vejo a hora de tê-la em meus braços [...] Finalmente atingi os centímetros necessários da dilatação, o medo foi tomando conta de mim e quando fui transferida para o bloco de partos percebi que o Júnior não estava comigo, o medo consumiu todo o meu corpo. As contrações começaram a intensificar-se, aplicaram-me a anestesia epidural para que eu não sentisse dor. Minha menina estava prestes a vir ao mundo.


Neymar narrando
Passei a noite toda em branco, ao lado da Manu, não estava mais aguentando ver suas caretas de dor, a Dra Anna tentou convence-la de optar pela cesárea umas cinco vezes, mas nada a fez desistir. Todos nossos familiares estão lá fora, até os avós dela que vieram de Gramado só pra ver a bisneta nascer. Manu falava de um em um minuto para eu ir dormir, mas eu não conseguia, não queria abandoná-la nesse momento. Depois de muitas e muitas horas esperando a dilatação estar completa, ela foi transferida para a sala de parto, tive que vestir toda uma roupa especial e então pude entrar, segurei sua mão e ela apertou.
Júnior: como você tá?
Manu: cansada e ansiosa- ela conseguiu sorrir e eu retribui-
Júnior: vai dar tudo certo, daqui a pouco nossa princesa estará nos nossos braços- dei um beijo em sua mão-
Dra Anna: Manu, segure minha mão e quando eu falar pra você fazer força, faça o tanto de força que conseguir- ela assentiu, segurou a mão da Dra Anna e apertou a minha- força- senti suas unhas entrando na minha pele, ela estava tirando forças do além, sentia isso-
Manu: AAH- ela gritou-
Dra Anna: força, Manu, força- novamente ela fez força, sua mão tremia enquanto ela fazia força para trazer nossa filha ao mundo- força, Manu
Manu: não consigo- sua cabeça caiu sobre o travesseiro-
Dra Anna: estamos quase lá, a cabecinha já está saindo
Júnior: força, amor- ela respirou fundo e voltou a fazer força. Desta vez valeu a pena, o choro da nossa filha invadiu a sala de forma mágica, sorri ao ver o médico levantando a princesa que eu esperei pra ver por quase nove meses- 
xxx: quer cortar o cordão?
Júnior: sim- soltei a mão da Manu e fui até a minha filha, cortei seu cordão umbilical e fiquei observando-a por alguns segundos. Mas alguma coisa me tirou daquela magia em que eu estava enfeitiçado, ouvi o aparelho dos batimentos cardíacos apitar descontroladamente, olhei pra Manu e ela estava desacordada. O coração dela tinha parado, foi a única coisa que consegui pensar- Manuela, fala comigo, Manuela- chacoalhei-a mas ela não reagia-
Dra Anna: quero minha equipe médica completa aqui, AGORA!- gritou- TIREM O PAI DAQUI- gritou mais uma vez, alguns enfermeiros me agarraram, mas eu não soltei a Manu- Neymar, preciso tirá-la daqui- soltei-a e eles me tiraram dali. O meu maior pesadelo estava começando, eu não estava preparado para deixar a minha mulher partir, não podia deixar que isso acontecesse. Aquele estridente bip ainda estava ecoando na minha cabeça, o coração da mulher que eu amava, a mãe da minha filha, não estava batendo, tinha alguma coisa errada com ela. Eu jamais irei me perdoar se acontecer algo com a Manuela, jamais [...] Já tinham se passado sete horas desde que a Manu deu a luz a nossa filha e eu ainda não tinha conseguido ir no berçário vê-la, todos já tinham visto a minha filha e mesmo no estado que a Manu estava, conseguiam amá-la, era uma parte dela que estava aqui conosco. Eu só queria saber noticias da minha namorada, a mulher que eu iria pedir em casamento daqui um mês, só estava planejando a festa de noivado junto com a minha mãe e a Rafa-
Bella: não fica assim, a Manu é forte, ela vai sair dessa
Júnior: Bella, eu iria pedi-lá em casamento- ela me olhou e duas lágrimas rolaram pelo seu rosto- tem noção que agora não sei mais se posso fazer isso?
Bella: Júnior, ela não vai morrer- falou convicta-
Júnior: eu não sei, eu não sei mais de nada. Foi aterrorizante vê-la desmaiada e eu não poder fazer nada, o barulho infernal daquele aparelho ainda está na minha cabeça, a imagem dela ainda está aqui
Bella: vamos lá ver a bebê, ela é linda- olhei-a, eu ainda não estava pronto para vê-la, mas era preciso. Levantei e a Bella veio comigo, me encaminhou até o berçário e me mostrou onde estava a minha pequena menina. Ela é linda. Simplesmente uma princesa. Como me recusei a ver essa pequena menina assim que ela saiu da sala de parto?-
Júnior: seu nome será Catarina
Bella: oi?
Júnior: a Manu gostava de Catarina, é uma forma de homenageá-la- a Bella sorriu. A fotógrafa que tínhamos contratado para filmar o parto e fotografar chegou ali, começou a fotografar a Catarina. Fiquei ali o tempo todo vendo as fotos da minha princesa, pedi pra ela mandar uma pro meu celular e voltei pra perto dos meus familiares. Os pais da Manu estavam inconsoláveis, a Regina não parava de chorar e só falava que queria a filha de volta. Peguei meu celular e fiquei vendo as fotos da minha filha, a Rafa ficou vendo comigo e decidi postar uma.
neymarjr: Hoje uma nova parte de mim nasceu. Papai, te ama filha. O dia 27 de maio vai ficar pra sempre.

Bloqueei meu celular e deixei com a Rafa, eu queria ver a Manu, eu precisava ver a Manu. Esperamos mais longas duas horas, que mais pareciam anos, médicos passavam pra lá e pra cá, mas nenhum era o que estava acompanhando o caso da Manu. Finalmente a Dra Anna apareceu, levantei e assim que o pessoal a viu levantou também.
Júnior: ela ta viva?- falei assim que a vi, um silencio se instalou na sala de recepção. A Dra Anna nos olhava e parecia que procurava palavras pra nos dizer que o pior aconteceu-
Regina: ela ta viva né doutora? pelo amor de Deus, fala que a minha filha ta viva
Júnior: Fala- falei um pouco alterado, minha mãe me abraçou de lado, mas eu só queria ouvir: a Manuela está bem.-
Dra Anna: a paciente teve uma parada cardiorrespiratória após o parto devido a eclampsia que estava num nível avançado. Conseguimos reanima-la... mas o cérebro não recebeu oxigênio e sangue por muito tempo, ela entrou em coma, eu sinto muito
Júnior: em coma?- as últimas palavras da médica ecoavam na minha cabeça, o chão abaixo de mim foi desmoronando e nada mais parecia ter sentido. Nada. Eu vou perder a mulher que eu amo, eu vou perder. Olhei a minha volta e todos estavam chorando, até a Bella que se fez de forte até agora. A minha única reação foi ir até a Regina e abraçá-la, ela me abraçou tão apertado- é minha culpa, desculpa, desculpa
Regina: Juninho, nada disso é sua culpa
Júnior: eu fui irresponsável de não me prevenir, eu a engravidei
Regina: meu amor, fica calmo, ela vai sair dessa, eu sei que vai, minha filha é forte, sempre enfrentou os obstáculos, você acha mesmo que ela vai querer ir dessa pra uma melhor sem conhecer a filha?- ela me abraçou novamente- o que mais precisamos agora é ficar unidos e dar força pra Manu
Luís Carlos: quando acham que ela vai acordar?
Dra Anna: não sabemos. Não sabemos se ela vai acordar, é difícil dizer o que vai acontecer quando a paciente está em coma. As primeiras 24 horas serão importante para decifrar as possibilidades de ela acordar. Faremos o possível para que a Manuela acorde, mas não podemos alimentar as esperanças, não vou mentir pra vocês, o caso dela é grave, eu disse no começo da gravidez, seria ela ou o bebê- não podia ser, ela tinha toda uma vida pela frente, nós tínhamos, íamos cuidar da nossa filha. Ela andava tão feliz, tão esperançosa em ver a nossa Catarina nascer. Como pode acontecer isso?-
Júnior: eu posso vê-la?- a médica assentiu, acompanhei-a e tive que vestir uma roupa. Entrei no quarto e ela estava ali- Não podia pedir nada melhor do que ouvir você falando o dia inteiro sobre a nossa filha, reclamando que estava engordando e que não conseguia fazer mais nada por causa do tamanho da barriga. O humor insuportável, que as vezes eu não podia nem olhar pra você que eu já era apedrejado-  sorri e as lágrimas começaram a rolar- a barriga mais perfeita do universo, os pés inchados mais lindos do planeta. Sonhamos em criar nossa filha, ensiná-la as coisas certas e torná-la uma verdadeira princesa, e agora você está aqui. Por favor, volta pra mim, não vou conseguir cuidar da nossa Catarina sem você.

FINAAAAAAL! Obrigada a todos

Ps: Brincaderinha lindaaaaas, o blog ainda não acabou hahahahah... MEU DEUSSSSSSSS!!! Eu estou aos prantos aqui, nunca tinha chorado num capitulo de blog, mas esse, minhas lágrimas foram todas embora. Tragédia atrás de tragédia e eu sei que vocês vão querer me matar depois que lerem esse capítulo. Mas acalmem-se, eu sei o que estou fazendo.